A reforma agrária é um sistema que regula
e promove a divisão “justa” de terras em um estado, com o objetivo de reparar
séculos de uma distribuição fundiária injusta que segue até aos dias de hoje.
Isso causa uma grande desigualdade entre detentores de grandes porções de
terras (latifundiários) e pessoas que não têm onde morar e produzir. Quatro
anos depois do acordo firmado com o governo federal de assentar 400 mil
famílias sem-terra no Brasil, sendo de 6 a 7 mil no Rio Grande do Sul, apenas
100 famílias receberam terras no estado. Por que tanta demora e dificuldades em
assentar essas famílias?
Segundo
dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a situação
agrária no Brasil em terras rurais, permaneceu praticamente inalterada nos
últimos 20 anos. No senso agropecuário do IBGE, ficou comprovado que as
propriedades que têm até 10 mil hectares representam um total de apenas 2,7% de todo o coeficiente de
terras destinadas à agropecuária, sendo uma vasta maioria formada ainda, por
latifúndios de mais de 1000 hectares. Isso mostra que
os grandes fazendeiros ainda permanecem com a maioria das terras, ainda que sem
produzir em muitas delas, enquanto que milhares de famílias ainda não têm onde
morar e produzir.
O Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Movimento dos Pequenos Agricultores
(MPA) realizam ocupações nessas terras, por conta da demora na tomada de
atitude do governo. Por exemplo, em Eldorado do Sul, cerca de 700 famílias
entraram em uma área já desapropriada pela Justiça devido ao envolvimento do
antigo proprietário em tráfico de drogas e armas, porém aguardam a vistoria do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Já em Sananduva, uma
outra área de 1.500 hectares no município, controlada pelo Banco do Brasil
também foi ocupada por 700 trabalhadores sem-terra. Para o coordenador estadual
do MST, Sílvio dos Santos, as ações são resultado da morosidade dos órgãos
competentes e falta de compromisso com as questões da terra no Rio Grande do
Sul. "Principalmente a morosidade do governo do estado e do INCRA em
realizar assentamento. Áreas que seriam passíveis de reforma agrária, áreas
improdutivas, áreas usadas para atividades ilícitas que nós viemos denunciando
e ocupando e o governo nada tem feito. Parece que no Rio Grande do Sul de fato
há, uma decisão política de não fazer avançar a reforma agrária ou as pessoas
que estão responsáveis, que estão dentro dos órgãos públicos para fazer a
reforma agrária não compreendem de nada a questão da terra".
Então,
podemos considerar que é responsabilidade do governo todo o processo de reforma
agrária através do INCRA. Ao contrário do que a maioria pensa, a reforma
agrária é realizada dentro das leis vigentes, respeitando a propriedade privada
e os direitos constituídos. Existe, especificamente para a reforma agrária, a lei de desapropriação, garantida pela
Constituição de 1988, instituída pelo Plano Nacional de Reforma Agrária,
sob o decreto de lei nº 3.365, de 21 de junho de 1941, reformulado pela
Constituição, o qual assegura o direito da União à desapropriação de terras
ditas particulares, consideradas improdutivas, em decorrência da utilidade
pública, especialmente para fins de Reforma Agrária. Não
tem por objetivo apenas distribuir terras, mas sim garantir, aos pequenos
agricultores, condições de desenvolvimento agrário e produtividade, gerando
renda e melhores condições de vida para as famílias assentadas. O que está
faltando para que as leis sejam cumpridas mais rapidamente é alguém competente
para administrar essa questão. Além disso, esse problema não surgiu agora, vem
se arrastando há muitos anos.
Por: Daiane Trein
Por: Daiane Trein
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